terça-feira, 20 de setembro de 2011

Obesidade X Compulsão Alimentar

A obesidade destaca-se como um assunto de grande interesse entre pesquisadores e populações a nível mundial, por ser considerada uma epidemia integrada ao grupo de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT). Sua etiologia é determinada por fatores genéticos e ambientais − este último podendo ser de origem dietética ou comportamental – que juntos resultam em modificações de origem endócrina e metabólica no organismo. Atualmente tem sido vista como um estado inflamatório de baixa intensidade. Isso se deve ao fato do tecido adiposo branco produzir uma séria de citocinas ou adipocitocinas relacionadas, direta e indiretamente, a processos inflamatórios e metabólicos que contribuem para o aparecimento de aterosclerose, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, resistência insulínica e diabetes mellitos tipo 2.
O tratamento da obesidade é um processo complexo e inclui atividade física, modificação de hábitos alimentares, suporte psicológico e, em alguns casos, terapia medicamentosa. Comportamentos de compulsão alimentar parecem ser em parte, responsáveis pelos fracassos observados nesse tratamento, pois comumente os obesos apresentam sofrimento psicológico decorrentes da depreciação de sua imagem corporal e preocupação exagerada com o peso. Essa alteração emocional frequentemente gera nestes indivíduos um mecanismo compensatório, resultando na prática compulsiva de consumo alimentar.
É crescente a incidência do distúrbio de alimentação compulsiva entre obesos, dentre eles, cerca de 30% procuram auxílio médico. O distúrbio está ligado à obesidade grave, oscilação freqüente de peso e co-morbidade psiquiátrica pronunciada. Episódios descontrolados de alimentação compulsiva costumam ocorrer no entardecer ou à noite.
O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) e a Síndrome do Comer Noturno (SCN) são as duas formas de distúrbios alimentares que mais comumente presentes em pessoas com sobrepeso e obesidade. O TCAP é o diagnóstico mais pesquisado entre os transtornos alimentares sem outra especificação (TASOE) ou não-especificados (TANE), com critérios já sugeridos para inclusão entre as categorias principais, caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar na ausência de uso regular de comportamentos compensatórios inadequados comuns na bulimia nervosa (BN). Quadros atípicos de anorexia nervosa (AN) e BN, TCAP, pica, quadros de ruminação e outras alterações do comportamento alimentar sem critérios específicos fazem parte do grupo dos TANE. Em um transtorno alimentar (TA), alterações nas vias noradrenérgicas e serotoninérgicas podem exercer um papel importante no humor, no controle dos impulsos e na regulação da fome e saciedade.
 
Referências: PIVETTA & GONÇALVES-SILVA, 2010; BRESSAN et al, 2009; ALLISON et al, 2007;  GUEDES et al, 2006; CLAUDINO & ZANELLA, 2005).

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