segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Hipertensão Arterial

Um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. Pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, 25% das mortes por doença arterial coronariana e 50% dos casos de insuficiência renal terminal, quando combinados com o diabetes, são causados pela hipertensão arterial. O critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial é PA (Pressão Arterial) 140/90 mmHg e a prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi conduzido. A principal relevância da identificação e controle da HAS reside na redução das suas complicações, tais como:

• Doença cérebro-vascular
• Doença arterial coronariana
• Insuficiência cardíaca
• Doença renal crônica
• Doença arterial periférica

A pressão arterial para adultos com mais de 18 anos é classificada da seguinte forma:

Normal < 120 x 80 mmHg
Pré-hipertensão 120-139 x 80-89 mmHg
Hipertensão
Estágio 1 140-159 x 90-99 mmHg
Estágio 2 >160 x 100 mmHg

– O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabele o estágio do quadro hipertensivo.
– Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio.

O primeiro passo para a escolha da terapêutica é a confirmação diagnóstica da hipertensão. Em seguida, é necessário estratificar o risco, considerando além dos valores pressóricos, a presença de lesões em órgãos-alvo e o risco cardiovascular estimado.
Basicamente, há duas abordagens terapêuticas para a hipertensão arterial: o tratamento baseado em modificações do estilo de vida (MEV: perda de peso, incentivo às atividades físicas, alimentação saudável, etc.) e o tratamento medicamentoso. A adoção de hábitos de vida saudáveis é essencial na prevenção e no controle de indivíduos com HAS.

As principais estratégias para o tratamento não-farmacológico da HAS incluem:

Controle de peso
Deve-se utilizar como meta um índice de massa corporal (IMC) inferior a 25 kg/m2 e circunferência da cintura inferior a 102 cm para homens e 88 cm para mulheres, embora a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial já contribua para a redução da PA. A  presença de gordura localizada predominantemente no abdome, está freqüentemente associada com resistência à insulina e elevação da pressão arterial, independentemente do valor do IMC. Assim, a circunferência abdominal acima dos valores de referência é um fator preditivo de doença cardiovascular.

Adoção de hábitos alimentares saudáveis
Uma dieta com conteúdo reduzido de teores de sódio (<2,4 g/dia, equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), baseada em frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados, quantidade reduzida de gorduras saturadas, trans e colesterol mostrou ser capaz de reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos. As principais recomendações dietéticas para o paciente hipertenso são:

• Manter o peso corporal adequado;
• Reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos e retirar o saleiro da mesa;
• Restringir as fontes industrializadas de sal: temperos prontos, sopas, embutidos como salsicha, lingüiça, salame e mortadela, conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote, fast food;
• Limitar ou abolir o uso de bebidas alcoólicas;
• Dar preferência a temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha, ao invés de similares industrializados;
• Substituir bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas por frutas in natura;
• Incluir, pelo menos, seis porções de frutas, legumes e verduras no plano alimentar diário, procurando variar os tipos e cores consumidos durante a semana;
• Optar por alimentos com reduzido teor de gordura e, preferencialmente, do tipo mono ou poliinsaturada, presentes nas fontes de origem vegetal, exceto dendê e coco;
• Manter ingestão adequada de cálcio pelo uso de vegetais de folhas verde-escuras e produtos lácteos, de preferência, desnatados;
• Identificar formas saudáveis e prazerosas de preparo dos alimentos: assados, crus, grelhados, etc.;
• Estabelecer plano alimentar capaz de atender às exigências de uma alimentação saudável, do controle do peso corporal, das preferências pessoais e do poder aquisitivo do indivíduo e sua família.

Redução do consumo de bebidas alcoólicas
A relação entre o alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da pressão arterial tem sido relatada em estudos observacionais e a redução da ingestão de álcool pode reduzir a pressão arterial em homens normotensos e hipertensos que consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas. Recomenda-se limitar a ingestão de bebida alcoólica a menos de 30 ml/dia de etanol para homens e a metade dessa quantidade para mulheres, preferencialmente com as refeições. Isso corresponde, para o homem, a ingestão diária de no máximo 720 ml de cerveja (uma garrafa); 240 ml de vinho (uma taça) ou 60 ml de bebida destilada (uma dose). Aos pacientes que não conseguem se enquadrar nesses limites de consumo sugere-se o abandono do consumo de bebidas alcoólicas.

Abandono do tabagismo
O risco associado ao tabagismo é proporcional à quantidade de cigarros fumados e à profundidade da inalação. Parece ser maior em mulheres do que em homens. Os hipertensos que fumam devem ser estimulados a abandonar esse hábito.

Prática de atividade física regular
Além de diminuir a pressão arterial, o exercício pode reduzir consideravelmente o risco de doença arterial coronária, de acidentes vasculares cerebrais e a mortalidade geral, promovendo ainda o controle do peso. A recomendação da atividade física tem como base parâmetros de freqüência, duração, intensidade e modo de realização. Portanto, a atividade física deve ser realizada por pelo menos 30 minutos, de intensidade moderada, na maior parte dos dias da semana (5) de forma contínua ou acumulada. Deve-se incorporar a atividade física nas atividades rotineiras como caminhar, subir escadas, realizar atividades domésticas dentro e fora de casa. O efeito da atividade de intensidade moderada realizada de forma acumulada é o mesmo daquela realizada de maneira contínua, isto é, os trinta minutos podem ser realizados em uma única sessão ou em duas sessões de 15 minutos (p.ex. manhã e tarde) ou ainda, em três sessões de dez minutos (p.ex. manhã, tarde e noite).

Saiba mais...

  • A prevalência e a gravidade da hipertensão são maiores em negros, o que pode estar relacionado a fatores étnicos e/ou socioeconômicos.

  • Estima-se que pelo menos 65% dos idosos brasileiros são hipertensos. A maioria apresenta elevação isolada ou predominante da pressão sistólica, aumentando a pressão de pulso, que mostra forte relação com eventos cardiovasculares.  Estudos indicam que o tratamento da hipertensão no idoso reduz a incidência de déficit cognitivo.
  •  
  • Pode variar de 2% a 13% a prevalência de hipertensão arterial em crianças e adolescentes, sendo obrigatória a medida anual da pressão arterial a partir de três anos de idade. Além da avaliação habitual em consultório, recomenda-se a medida rotineira da PA no ambiente escolar.

  • A hipertensão é duas a três vezes mais comum em usuárias de anticoncepcionais orais, especialmente entre as mais idosas e obesas. Em mulheres com mais de 35 anos e fumantes, o anticoncepcional oral está contra-indicado. O aparecimento de hipertensão arterial durante o uso de anticoncepcional oral impõe a interrupção imediata da medicação, o que, em geral, normaliza a pressão arterial em poucos meses.

  • Hipertensão arterial e obesidade, em especial a obesidade central, com acúmulo de gordura visceral, freqüentemente associadas à dislipidemia e à intolerância à glicose, compõe a chamada síndrome metabólica, que também é acompanhada de resistência à insulina e hiperinsulinemia.

  • A prevalência de hipertensão em diabéticos é pelo menos duas vezes maior do que na população em geral. No diabete tipo 1, a hipertensão está associada à nefropatia diabética e o controle da pressão arterial é indispensável para adiar a perda da função renal. No diabete tipo 2, a hipertensão se associa à síndrome de resistência à insulina e ao alto risco cardiovascular.
  • É freqüente a relação entre dislipidemia e hipertensão arterial, que juntos representam mais de 50% do risco atribuível da doença arterial coronariana. A hipertensão arterial pode promover alterações estruturais no ventrículo esquerdo, com ou sem isquemia coronária, contribuindo para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca com função sistólica preservada ou não.
  • A HAS é uma das principais causas de DRC no Brasil. Nesses pacientes ela representa o principal fator de risco para doença cardiovascular morbidade e mortalidade. 

    Fonte: Cadernos de Atenção Básica - Ministério da Saúde

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